Seria uma crueldade colocar autista para ter crises no set, diz Marcos Mion sobre novo filme

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Idealizador do filme “MMA – Meu Melhor Amigo”, o ator e apresentador Marcos Mion, 45, afirma que o projeto talvez seja o mais importante de seus 25 anos de carreira. O longa aborda o autismo, tema do qual ele é ativista, e estreia nesta quinta-feira (16) nos cinemas.

Mion é pai de Romeu, 19, que está dentro do espectro autista desde os dois anos. O apresentador usa suas redes com mais de 22 milhões de seguidores, seu Caldeirão semanal na Globo e a visibilidade que tem para levantar a bandeira em prol da causa. Ele diz torcer para que, com o filme, a mensagem tenha um alcance ainda maior.

“A ideia da criação do filme partiu da vontade de ter uma arte que não fosse efêmera e que pudesse passar uma reflexão que perdurasse. E um filme fica. Uma pessoa que não luta pela família não luta por nada. Sou pai atípico e represento 2 milhões de autistas do país. Isso me deixa orgulhoso e cheio de propósito”, afirma.

Na obra, com direção de José Alvarenga Jr., Mion é o lutador Max Machadada. Ele vê sua vida se transformar ao descobrir ser pai de um menino autista. Ele precisa então conciliar a vida nos ringues com a paternidade atípica. Quem dá vida ao garoto com essa condição é Guilherme Tavares, 11.

O ator mirim não está no espectro autista. Questionado sobre isso, Mion afirma que vários testes foram feitos com diferentes atores e que ele cogitou procurar um artista autista para o papel, mas acabou convencido de que o melhor seria abandonar essa ideia.

“Tivemos autistas trabalhando durante o processo nos bastidores, mas mediante as características do filme e do roteiro, não seria interessante colocar um menino no espectro. Há cenas que induzem crises. Como iríamos pedir a um autista… seria uma crueldade um autista de fato entrar em crise no set. E o Gui já veio pronto”, explica.

Segundo o jovem protagonista, ele e sua mãe tiveram um trabalho bem cuidadoso para representar um menino com essa condição de forma que não ficasse caricato. Ao todo, 120 crianças fizeram testes, mas o dele foi o melhor e o mais real dentro do que a direção e o próprio Marcos Mion esperavam.

“Foi um desafio. Eu e minha mãe vimos séries, filmes, pesquisamos bastante, assistimos a crises reais em postagens na internet e assim nasceu o personagem Bruno. Na hora das crises, eu pensava como se ele tivesse com muita dor, muita tristeza”, comenta o menino.

Mion deixa claro que “MMA – Meu Melhor Amigo” não é um filme sobre Romeu, mas feito com base nas experiências familiares. Seu filho ainda não havia assistido ao longa até a véspera do lançamento, e o pai coruja armava uma sessão especial para ele e os amigos verem juntos.

No decorrer da história, a relação entre Max e Bruno vai se estreitando a tal ponto que viram melhores amigos um do outro. Mas, até lá, Max comete vários equívocos ao lidar com o transtorno, semelhante ao que ocorria na vida particular do apresentador.

“A beleza, apesar de doída, é que no início você erra muito tentando acertar, com coração preenchido de amor. Na minha época não tinha tanta informação disponível, não existia um Marcos Mion que falasse sobre autismo. Livros e especialistas são fundamentais, mas nada é mais importante do que pai e mãe.”

O filme apresenta cenas de luta, bem ao estilo Rocky Balboa (Sylvester Stallone), um ídolo de Mion. Mais para o final do longa, Max Machadada precisa encarar o principal desafio de sua carreira como lutador: um concorrente duro na queda. As cenas para a luta final foram gravadas com o auxílio e a supervisão do profissional Will Leong, que entre outras obras trabalhou na saga “Matrix”.

“Ter conseguido desenvolver esse filme com meus pilares é algo fora do que sempre imaginei. Quero viver esse momento ao extremo, mas sempre terá um próximo passo, algo que esteja por vir”, avalia Mion.

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