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Textor manda recado à torcida do Flamengo
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Homem toma golpe de R$ 150 mil por “namorada” gerada por IA
01/03/2025FÁBIO PESCARINI E EVERTON LOPES BATISTA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Paradinha no samba, efeito especial criando ventania de Iansã, carro alegórico quebrado, homenagem a neto de carnavalesco e um Mário Bros gigante, estes foram alguns dos momentos mais marcantes do primeiro dia do desfile do Grupo Especial das Escolas de Samba de São Paulo.
Quando se trata do público, Dragões da Real, Mancha Verde e Camisa Verde e Branco foram as escolas que mais agitaram as pessoas presentes no Sambódromo do Anhembi.
A Dragões emocionou o público com tema inspirado na música “Aquarela”, sucesso da MPB, mais conhecida na voz de Toquinho. Mancha levou à avenida a cultura baiana e o Camisa animou cantando a história de Cazuza.
Colorado do Brás, Barroca Zona Sul, Acadêmicos do Tatuapé e Rosas de Ouro foram as outras escolas que estiveram na avenida no final da noite de sexta (28) e madrugada deste sábado (1).
O destaque negativo ficou pela Barroca Zona Sul que teve problemas com carro alegórico e terminou apresentação no limite de tempo. Um buraco entre as alas, por conta do carro travado, prejudicou a evolução da escola.
As rainhas de bateria das escolas de samba do Grupo Especial de SP foram um destaque a parte desta primeira noite de desfiles.
Viviane Araújo, rainha da Mancha Verde, entrou no Sambódromo do Anhembi usando uma luva vermelha e outra azul, em referência aos acessórios usados por Daniela Mercury na capa do álbum “O Canto da Cidade”, de 1992. Em 2025, Viviane completou 20 anos como rainha da escola.
Rainha de bateria da Barroca Zona Sul, Juju Salimeni usou uma fantasia que representava Iansã, tema do enredo da escola de samba. Segundo assessoria da modelo, a vestimenta tinha led, 30 mil cristais e peças banhadas a ouro.
Já a bateria da Colorado do Brás teve à frente Camila Prins, a primeira rainha de bateria trans do Carnaval de São Paulo.
Ana Beatriz Godói, rainha de bateria da Rosas de Ouro, a sexta escola a entrar na avenida, usou uma fantasia que muda de cor e exala perfume.
O prefeito de SP, Ricardo Nunes (MDB), esteve no Anhembi e disse que esse é o “Carnaval mais seguro do Brasil”. Nunes afirmou ainda que “São Paulo está se colocando como maior e melhor Carnaval do Brasil”.
Recentemente ele foi ironizado pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), pela comparação sobre o tamanho da festa paulistana.
“Temos aqui 853 policiais municipais”, disse Nunes. Além dos GCMs, a região do sambódromo estava com 54 câmeras de reconhecimento facial.
No camarote, onde circulou por 1h30, Nunes foi bastante assediado para fotos, principalmente por servidores municipais.
A Colorado do Brás, escola que abriu os desfiles, celebrou os 75 anos do Filhos de Gandhy com o enredo “Afoxé Filhos de Gandhy, no ritmo da fé”. O bloco homenageado é apontado como maior afoxé do Carnaval baiano, em que homens saem vestidos de branco e azul em homenagem a Oxalá e a Ogum.
Durante o desfile, ritmos e figuras baianas, como o Axé e Gilberto Gil, receberam homenagens. A escola também colocou na avenida um carro alegórico simbolizando o Pelourinho.
A Barroca Zona Sul foi a segunda escola a passar pelo Anhembi. A escola trouxe uma representação de Iansã na Comissão de Frente, orixá homenageada no enredo. Com ajuda de efeitos especiais, a personificação da orixá fez uma ventania artificial sobre um carro alegórico.
Mas o segundo carro travou e a escola ficou com um buraco na avenida, o que gerou problemas na evolução. Com o atraso, a bateria passou direto pelo recuo e o final do desfile teve apreensão.
A escola saiu da avenida faltando 1 segundo para atingir o limite de 65 minutos.
Com 15 anos de Carnaval, a maioria deles como baiana, Vera Lúcia Coimbra ensaiava na concentração da Barroca Zona Sul e não via a hora de o desfile de sua escola começar.
“Ali é uma adrenalina que não dá para explicar”, disse ela, quase duas horas antes de a Barroca iniciar sua apresentação.
Fantasiada de iansã, com dois potes de barro nos ombros, ela está há 4 anos na Barroca, mas desfilou por dez anos no Vai-Vai – maior campeã do Carnaval, com 15 títulos e que encerra o Grupo Especial na madrugada do domingo (3).
A Dragões da Real coloriu o Anhembi na madrugada deste sábado (1º). A escola, a terceira a entrar na avenida em 2025, cantou um enredo baseado em “Aquarela”, sucesso da MPB mais conhecida na voz de Toquinho.
Balões vermelhos foram distribuídos para apresentação, por causa das cores tricolor -preto, vermelho e branco- da agremiação.
A balconista e torcedora do São Paulo Gisele Flores, 19, cantava o samba da escola na ponta da língua. “É lindo”, afirmou.
Numa paradinha da bateria, a arquibancada cantou o refrão do samba à capela, num dos momentos mais emocionantes do desfile.
A inspiração também veio do drama pessoal do carnavalesco Jorge Freitas, que perdeu o neto de 8 anos há cerca de dez meses.
A escola fez um desfile focado tecnicamente, sem engasgos significativos na evolução e sem grandes surpresas.
A bailarina Yasmine Zaitune, 35, não parava de cantar o enredo da Dragões da Real, mesmo depois que o portão da avenida foi fechado, com o encerramento do desfile.
Fantasiada de pintora, ela não escondia a emoção. “Essa escola é pura alegria”, disse.
Quarta escola a se apresentar na primeira noite de desfiles no Anhembi, a Mancha Verde se destacou pelo tamanho de seus carros alegóricos.
O primeiro, com tartarugas que se moviam em um enorme aquário, onde os peixes se mexiam, deixou o professor Enzo Antônio de Luca, 23, impressionado.
“Como pode funcionar tudo direitinho”, disse ele, que estava em um camarote, grudado na grade que separa a pista, filmando tudo com um celular.
A artista plástica Luiza Guerino elogiou o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Marcelo Silva e Adriana Gomes.
O desfile da Mancha Verde celebrou a mistura de religiões que está refletida em festas populares da Bahia.
O enredo “Bahia, da fé ao profano” foi inspirado em documentário homônimo, que retrata festas populares do estado. A mescla entre cristianismo e religiões de matriz africana esteve presente durante todo o desfile.
Um dos carros alegóricos levou fitas do Senhor do Bonfim, um dos maiores símbolos baianos de fé, em tamanho gigante. O desfile também contou com um grupo de capoeiristas e um carro alegórico representando um trio elétrico.
Com enredo inspirado no ativista norte-americano Martin Luther King Jr. (1929 – 1968), a Acadêmicos do Tatuapé fez um pedido por justiça e fim do ódio.
Um dos carros alegóricos da agremiação trazia uma representação gigante de uma mulher sendo queimada sobre uma bíblia -uma crítica à intolerância religiosa que se repetiu em outros elementos do cortejo.
O mesmo carro trouxe ainda a figura de dois homens enforcados e pendurados que impressionou o público.
A agremiação trouxe também um carro que fez referência à Brasília, dividido em lados pintados de verde e amarelo; um deles (verde) repleto de lixo e o outro com elementos em dourado em alusão ao dinheiro.
A Rosas de Ouro, sexta escola a desfilar, encerrou sua apresentação com o céu já avermelhado pela alvorada.
Com o enredo “Rosas de Ouro em uma Grande Jogada”, a escola mostrou a história dos jogos na avenida -desde os tradicionais jogos de tabuleiro, como o xadrez, até os caça-níqueis e os videogames, com os irmãos Mario e Luigi em destaque no último carro alegórico.
O enredo da agremiação fez referência a jogos de azar e apostas e a gana de vencer.
A Comissão de Frente da escola entrou com um caça-níquel gigante encimado por uma grande roleta.
Cazuza foi o tema da Camisa Verde e Branco, escola que encerrou a primeira noite de desfiles do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo.
O enredo “O tempo não para! Cazuza – o poeta vive!” teve trechos de letras de músicas que ficaram famosas na voz do ex-vocalista do Barão Vermelho.
Maria Lúcia da Silva Araújo, a Lucinha, 88, não conseguia esconder a emoção pela homenagem ao filho.
“Acho que não preciso nem falar o quanto estou emocionada”, disse à Folha de S.Paulo, na concentração da escola.
Sem saber cantar o samba enredo direito, “porque é muito difícil”, ela também não acompanhou os ensaios, porque estava no Rio de Janeiro, onde mora. Mas estava muito feliz por sair em um dos carros.
“Ele ser lembrado 35 anos depois [de sua morte] é mais do que merecido.”
Pouco antes do desfile, Lucinha foi abraçada pela rainha de bateria, Sophia Ferro, e pela mãe dela, Érica Ferro, presidente da escola.
Patrícia Guimarães, diretora do documentário de Cazuza, puxou Lucinha pelo braço quando amanhecia o dia. “Pro dia nascer feliz”, afirmou, sobre a música de Cazuza e nome do enredo da escola.
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Fonte: Noticias ao Minuto Read More