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10/03/2025BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – A comoção que dominou a Argentina há quatro anos com a morte do astro Diego Maradona retorna, em escala reduzida, nesta terça-feira (11). É quando a Justiça local dá início ao julgamento de sete membros da equipe médica do ex-jogador acusados de sua morte.
Médicos, enfermeiros e psicólogos foram indiciados pela Justiça da província de Buenos Aires pelo crime de homicídio simples com dolo eventual, figura jurídica que aponta para casos em que os réus sabiam da possibilidade da morte da vítima devido a suas ações, ainda que não quisessem provocá-la. As penas variam de 8 a 25 anos de prisão.
Maradona morreu aos 60 anos após uma parada cardiorrespiratória, em sua casa, em Tigre, município na cidade vizinha de San Isidro. Uma investigação apontou que a morte poderia ter sido evitada se sua equipe médica mais próxima tivesse tomado outras ações.
O processo judicial afirma que as sete pessoas são responsáveis pela morte do astro devido a “uma assistência deficitária, ineficiente e indiferente e em um local inadequado” -a casa onde recebia cuidados domésticos. Diz ainda que apartou a família do ex-jogador, omitiu informações importantes e deixou seu destino “relegado à sorte”.
São acusados: o neurocirurgião e médico pessoal de Maradona Leopoldo Luque; a psiquiatra Agustina Cosachov; o enfermeiro Ricardo Almirón; a médica Nancy Forlino, do plano de saúde Swiss Medical; o chefe de enfermeiros Mariano Perroni; o psicólogo Carlos Díaz; e o médico clínico Pedro Di Spagna. Há ainda uma oitava acusada que será julgada separadamente por um júri popular a pedido de sua defesa.
Os acusados negam que foram negligentes. Luque, o neurocirurgião, já afirmou em declarações públicas que Maradona era um paciente difícil (“Quando estava chateado ou se sentia mal, afastada todos”) e que ele resistia a determinadas recomendações médicas. Disse ainda que a morte foi inesperada, súbita e sem sofrimento e que a internação domiciliar foi insistência do próprio ex-jogador.
O ex-camisa 10 havia sido submetido a uma cirurgia para eliminar um hematoma subdural, acúmulo de sangue que se forma entre o cérebro e o crânio, no início daquele mês.
A despeito de recomendações, foi levado pela equipe médica particular, com anuência dos parentes, para se recuperar em casa. Seu quadro de saúde era deteriorado pelo uso de drogas e consumo de álcool ao longo da vida. Na etapa final, ele também tratava ansiedade e depressão.
O processo judicial enumera o quadro clínico de Maradona: doença renal crônica, cirrose hepática, insuficiência cardíaca, deterioração neurológica crônica, dependência de álcool e drogas, prováveis doenças psiquiátricas, somadas ao quadro de abstinência alcoólica.
O processo afirma que Maradona não deveria ter sido autorizado pelo time a deixar a clínica médica onde recebia cuidados pós-cirurgia em 11 de novembro daquele ano, nove dias antes de morrer em casa.
Diz que os profissionais se “omitiram de fornecer a Maradona uma assistência adequada” e “impediram que ele recebesse a devida atenção médica que poderia ter evitado sua morte, particularmente aquela do campo cardiológico”.
O documento afirma também que não foram mantidos exames e controles cardiológicos necessários após a saída do hospital, nem o monitoramento do jogador por especialistas cardiológicos, hepáticos e renais, o que seria exigido por seu quadro clínico.
O poder público diz que a equipe “se aproveitou de uma esfera de poder sobre Maradona” para isolá-lo de sua família, manipulando-a e informando que tudo ocorria de acordo com a vontade do jogador, omitindo informações importantes sobre qual era o seu estado de saúde.
São acusações que fazem agora os seis profissionais sentarem no banco dos réus em um julgamento com expectativa de se estender até pelo menos meados de julho deste ano, com três audiências sendo realizadas a cada semana.
Mais de 190 testemunhas foram convocadas a depor, segundo apurou o canal local TN (Todo Notícias). Há uma grande quantidade de provas: resultados de exames, perícias em celulares e gravações de áudio.
A Justiça aponta que os sete infringiram os deveres que tinham em seus respectivos cargos, assim “colaborando para um conjunto de fatores e circunstâncias grosseiras que incrementaram os riscos fora da margem permitida e ocasionaram o fatal resultado para o paciente”.
O velório do ex-jogador, realizado um dia após sua morte na Casa Rosada, a sede do Poder Executivo argentino, em Buenos Aires, reuniu centenas de milhares de pessoas. Ele foi enterrado em um cemitério na região de Bella Vista, a 35 km da capital.
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