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14/03/2025BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – O Ministério da Justiça da Argentina, sob o comando da linha-dura Patricia Bullrich, formalizou nesta sexta-feira (14) uma denúncia contra os possíveis envolvidos na organização do protesto desta semana que terminou em confrontos violentos. A pasta os acusa dos crimes de sedição (insurreição) e associação ilícita.
A denúncia apresentada dois dias após a manifestação que terminou com mais de cem detidos e 45 feridos menciona as torcidas organizadas de futebol como as do Chacarita e do Racing; os prefeitos de La Matanza (Fernando Espinoza) e Lomas de Zamora (Federico Otermín); e o militante peronista Leandro Capriotti.
A pasta afirma que essas figuras, sob o falso argumento de apoiar um tradicional ato de aposentados que ocorre todas às quartas-feiras nos arredores do Legislativo, convocaram militantes às ruas com o intuito de provocar violência e atacar as instituições.
O Código Penal argentino prevê penas de um a três anos para o crime de sedição, de tentativas de desestabilizar o poder. Para associação ilícita, referente a grupos de três ou mais pessoas destinados a cometer crimes, a pena varia de um mês a cinco anos de reclusão.
Fernando Espinoza, prefeito de La Matanza, disse em nota que Bullrich, “sem apresentar nenhuma prova e com referências vagas, tenta ocultar com a denúncia a terrível repressão que o governo comandou”. “O objetivo foi bater, jogar gás e balas de efeito moral nas pessoas.” Federico Otermín, de Lomas de Zamora, ainda não se pronunciou.
As duas cidades estão no chamado “conurbano”, ou seja, nos arredores da capital Buenos Aires, uma região tradicionalmente peronista onde há grande peso de políticos ligados à ex-presidente Cristina Kirchner.
Na mesma denúncia, o governo de Javier Milei também denuncia a juíza de primeira instância que liberou as mais de cem pessoas detidas pelos policiais, Karina Andrade.
Sob a justificativa de que a Procuradoria havia dado poucas e confusas informações sobre quais os crimes cometidos por cada um dos detidos, que foram levados em massa ao juizado, de modo que ela não poderia avaliar a legalidade e a razoabilidade das prisões, e sob o argumento de que o direito de protesto poderia estar em jogo, Andrade liberou 114 pessoas na madrugada desta quinta-feira (13).
Agora, o Ministério da Segurança diz que ela violou os deveres dos funcionários públicos e pede que seja declarada incompetente.
Como a reportagem mostrou, um cidadão brasileiro, ativista pelos direitos das pessoas com HIV, que participava da manifestação, esteve entre os detidos. Ele afirma que a prisão foi arbitrária e que os policiais encurralaram dezenas de pessoas (de 30 a 40, segundo seu relato) que não estavam violando patrimônio público ou confrontando a polícia.
Moradores que testemunharam o momento da prisão desse grupo também dizem que os policiais abordaram pessoas que estavam paradas em uma esquina sem apresentar risco à segurança pública. A polícia de Buenos Aires argumenta que denúncias sobre arbitrariedade podem ser apresentadas à Justiça.
O presidente Javier Milei respaldou a ministra Patricia Bullrich durante discurso nesta sexta. Falando em um evento do agronegócio, disse que ela tem “defendido e apoiado os valores da República sempre”.
E o presidente seguiu: “Os filhos da puta que andam com a cara coberta e quebram, queimam carros, ameaçam as pessoas porque não querem perder seus esquemas são maus e vamos metê-los na cadeia”.
A mais recente marcha dos aposentados, nome que engloba o protesto, mas cujo escopo é pequeno perto das demandas apresentadas na rua, desdobrou-se em um evento político de peso após os confrontos violentos. A insatisfação nas ruas esteve além de apenas a agenda da Previdência (a aposentadoria mínima está na linha da pobreza).
Um caso, em especial, despertou comoção. O fotojornalista Pablo Grillo, 35, que cobria o ato de forma independente, foi ferido na cabeça por uma cápsula de bomba de gás lacrimogêneo, passou por cirurgia e está internado em estado grave, com detalhes reservados. Bullrich não se retratou sobre o episódio e disse que ele era um militante.
Na denúncia desta sexta-feira, o ministério que ela comanda diz que lamentavelmente ele ficou ferido. Ao descrever o momento, porém, dá a entender que Grillo estava no momento errado, na hora errada. “Estava localizado atrás de um objeto incendiado, no cruzamento dos projéteis que jogavam pessoas violentas que estavam atrás dele.”
Fonte: Noticias ao Minuto Read More