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25/03/2025SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar apresenta forte queda nesta terça-feira (25), com investidores atentos aos novos desdobramentos do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a dados que sugerem que a maior economia do mundo está em desaceleração.
Na ponta doméstica, foco está na ata da última reunião do BC (Banco Central). Às 14h18, a moeda norte-americana caía 0,91%, cotada a R$ 5,699. Já a Bolsa disparava 1,05%, aos 132.704 pontos.
Os mercados globais continuam pautados pelos planos tarifários do presidente dos EUA.
Em declaração na segunda, Trump afirmou que pode conceder “a muitos países” descontos nas tarifas que pretende anunciar em 2 de abril -o apelidado “dia da libertação”, quando impostos recíprocos sobre parceiros comerciais dos EUA entrarão em vigor.
O tom mais brando segue a esteira de reportagens do Wall Street Journal e da Bloomberg, que informaram que algumas tarifas sobre setores específicos podem ser descartadas ou adiadas. Há notícias do Financial Times, ainda, de um possível plano tarifário de duas etapas que está sendo considerado para a próxima semana.
O “dia da libertação” mira espelhar as taxas praticadas por outros países sobre produtos norte-americanos. Japão, Índia e União são os maiores alvos das novas medidas, segundo disse um funcionário do alto escalão do governo em fevereiro, e um documento informativo da Casa Branca também acrescentou o Brasil à lista.
“Há um grande receio sobre quais vão ser os impactos negativos do tarifaço no dinamismo da economia norte-americana. As reportagens que mencionam uma abordagem mais direcionada geraram apetite por risco na segunda, já que deixaram de fora taxas de importação para setores como automóveis, produtos farmacêuticos, cobre”, comenta Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX, o comunicado.
“O foco fica concentrado em tarifas de reciprocidade, ou seja, no esforço dos EUA de equiparar os impostos de importação do país em relação ao que os seus parceiros comerciais cobram dele.”
Trump, por outro lado, também afirmou que os EUA irão impor tarifas de 25% sobre todas as importações de qualquer país que comprar petróleo da Venezuela -medida que pode abalar os mercados de petróleo bruto e aumentar drasticamente os impostos sobre produtos da China e da Índia.
Em uma publicação no Truth Social, Trump disse que estava impondo a tarifa por “várias razões”, alegando que “a Venezuela enviou proposital e enganosamente aos Estados Unidos, disfarçados, dezenas de milhares de criminosos de alto escalão e outros, muitos dos quais são assassinos e pessoas de natureza muito violenta”.
Ele se referiu à medida como uma “tarifa secundária” e disse que ela entrará em vigor também em 2 de abril.
A promessa de tarifas recíprocas tem inspirado cautela nos mercados globais, e uma eventual retaliação dos países afetados não é carta fora do baralho. A maior preocupação é que a guerra comercial escale e distorça cadeias de suprimentos globais, o que pode encarecer diversas categorias de produtos. No caso específico dos Estados Unidos e de outras potências econômicas, como a Alemanha, há ainda temores de que o tarifaço provoque uma recessão.
Se o tarifaço aumentar o custo de vida dos norte-americanos, é possível que a briga do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) contra a inflação sofra um revés e force a manutenção da taxa de juros em patamares elevados. Quanto maiores os juros por lá, mais atrativos ficam os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, os chamados treasuries, o que fortalece o dólar globalmente.
Nesta terça, porém, dados da economia dos Estados Unidos despertaram otimismo no mercado ao colocarem de volta à mesa a possibilidade de mais cortes por parte do Fed.
Um relatório do Conference Board mostrou que um índice que monitora a confiança dos consumidores norte-americanos caiu para 92,9 em março, ante expectativa de recuo para 94,0.
A divulgação se soma a outros números que sugerem um desaquecimento forte da economia norte-americana. “A semana passada já havia trazido indicadores abaixo das expectativas, o que sugere continuidade desse movimento de desaceleração e, por consequência, espaço para que o Fed seja menos restritivo na política monetária”, comenta André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferência internacional Remessa Online.
“É inequívoco que a economia dos Estados Unidos está perdendo ritmo, e a possibilidade de mais cortes de juros por lá, combinada com a taxa Selic elevada aqui no Brasil, acaba sustentando esse movimento de valorização do câmbio.”
O Fed manteve os juros na faixa de 4,25% e 4,5% pela segunda vez consecutiva na semana passada. O BC brasileiro, no mesmo dia, optou por aumentar a Selic em 1 ponto percentual, a 14,25% ao ano. Na ata da reunião, publicada nesta terça, o Copom alertou que a piora nas expectativas para prazos mais longos dificulta a convergência da inflação à meta e exige juros mais altos por mais tempo.
A próxima reunião, marcada para maio, deve trazer um novo aperto monetário, mas em menor magnitude. Para depois de maio, porém, as decisões foram deixadas em aberto, devido à incerteza elevada no cenário econômico.
Na análise de economistas do Itaú, os dirigentes adotaram um “tom mais duro”, especialmente quando se referem à inflação “e ao seu cenário prospectivo indubitavelmente desafiador”, embora ponderem que há sinais incipientes de desaceleração econômica.
“Mas o fato é que as autoridades se referirem ao fim do processo de ajuste pode ser visto como um sinal de que essa discussão está viva dentro do comitê. No geral, consideramos que o texto é consistente com nosso cenário de duas altas adicionais, encerrando o ciclo com a taxa Selic em 15,25% ao ano.”
Para Leonel Mattos, da Stonex, a postura mais conservadora do comitê “estimula a queda do dólar, porque indica que o diferencial de juros do Brasil vai ser ampliado, atraindo investidores externos”.
Quanto maior a diferença entre os juros daqui e os dos Estados Unidos, melhor para o real, que se torna mais atraente para investimentos de “carry trade” -quando investidores tomam empréstimos a taxas baixas e aplicam recursos em moedas de países de taxas altas, para rentabilizar sobre o diferencial de juros.
Fonte: Notícias ao Minuto Read More