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07/04/2025BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal investiga se obras de arte encontradas com supostos integrantes de uma organização criminosa composta por membros do PCC e de máfias europeias estavam sendo usadas para lavar dinheiro obtido com tráfico internacional de drogas.
As obras foram citadas nas últimas atualizações da operação Mafiusi, que na semana passada voltou a prender o doleiro Tharek Mourad, em São Paulo. Ele é apontado como elo entre o PCC e a máfia italiana.
Investigadores apontam que foram localizados certificados de autenticidade de obras de arte produzidas por artistas de renome. A polícia, no entanto, não apreendeu as obras durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão em endereços de envolvidos na operação.
Algumas das obras foram encontradas na Sulvene Factoring. A empresa de São Paulo seria utilizada para lavar dinheiro e tem como sócios Mourad e William Barile Agati, apontado como uma espécie de faz-tudo do PCC e preso em janeiro.
De acordo com informações obtidas pela Folha, entre as obras de arte encontradas estão três atribuídas ao artista brasileiro Romero Britto, conhecido por estampas de cores vibrantes. Os investigadores afirmam que essas obras foram compradas com dinheiro do tráfico de drogas.
Uma delas é uma escultura em madeira acrílica e laca em formato de bola de futebol. Foi identificado um documento que seria o certificado de autenticidade da obra, de 9 dezembro de 2020, com assinatura que seria do artista.
Os investigadores também localizaram um segundo certificado de autenticidade que seria de um quadro com o desenho de um urso pintado com a famosa estampa do artista, emitido na mesma data.
Os policiais acharam, ainda, um quadro com o desenho de Nossa Senhora de Guadalupe com a pintura do autor. A obra foi localizada na casa de Barile Agati.
Uma escultura de parede formada por fios de cobre, alumínio e couro, em cinco módulos com medidas variadas, que seria da artista Cilene Derdyk, da série Tramas Circulares, de 2022, foi descrita pela PF como pertencente à coleção de Barile Agati. Também foi encontrado um certificado de autenticidade da obra, de 23 de janeiro de 2023, emitido por uma galeria de arte.
Para os responsáveis pelas investigações, há fortes indícios de que a organização criminosa também vem investindo os lucros provenientes do narcotráfico em obras de arte. Segundo os policiais, trata-se de uma metodologia conhecida de lavagem de dinheiro bastante explorada por criminosos, tendo em vista a subjetividade dos valores.
Procurado, Eduardo Maurício, advogado de William Barile Agati, afirmou que seu cliente é inocente, primário, de bons antecedentes, pai de família, de conduta ilibada e empresário em diversos segmentos de negócios nacionais e internacionais lícitos.
Ele também disse que Agati não praticou nenhum dos crimes que lhe são imputados na operação Mafiusi, nem de lavagem de dinheiro, e que tem sofrido perseguição de forma ilegal e abusiva.
Procurada, a defesa de Mourad não respondeu aos questionamentos da reportagem.
Em 2017, três quadros assinados pelo artista Romero Britto encontrados na casa de veraneio do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, em Mangaratiba (RJ), também foram objeto de investigação da Polícia Federal em Curitiba.
O acervo em nome do artista incluía dois retratos, um de Cabral e outro da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, avaliados em R$ 23,6 mil e R$ 51,1 mil, respectivamente.
As duas obras compunham a decoração do corredor das cinco suítes do segundo andar do imóvel. O terceiro Romero Brito, e considerado mais valioso (R$ 71,1 mil), estava no quarto de um dos filhos do casal.
O ex-governador deixou a cadeia em 2022 após uma série de condenações por esquemas de corrupção investigados na operação Lava Jato.
Já a operação Mafiusi teve fase deflagrada em dezembro de 2024, em conjunto com autoridades italianas, contra grupos criminosos interligados responsáveis pelo tráfico de grandes quantidades de cocaína da América do Sul para a Europa.
As investigações tiveram como alvo uma rede complexa que operava principalmente por meio do porto de Paranaguá, no Paraná, e com o uso de aeronaves privadas.
As ações foram um desdobramento da operação Retis, que já havia desarticulado organizações criminosas responsáveis pela logística do tráfico.
Essas redes criminosas eram encarregadas de todo o aparato necessário para enviar cocaína da América do Sul para a Europa, utilizando esse ponto estratégico.
Durante a operação, foi identificado que membros do PCC contratavam essa logística de transporte. Os integrantes de uma organização mafiosa italiana que atuava no Brasil eram responsáveis pela intermediação da compra e envio da droga para o continente europeu.
O porto de Paranaguá era o principal ponto de saída, e o porto de Valência, na Espanha, o de chegada. A droga era transportada principalmente ocultada em contêineres com cargas como cerâmica, louça sanitária e madeira.
A movimentação financeira dos investigados alcançou aproximadamente R$ 2 bilhões entre 2018 e 2022, segundo a PF.
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